The Who não deve lançar mais discos, diz Pete Townshend
- Rodrigo Bié
- 18 de out. de 2017
- 3 min de leitura
Pete Townshend descarta novo disco do The Who e elogia Kendrick Lamar.

Pela primeira vez em 53 anos, o Brasil viu The Who, com Pete Townshend e Roger Daltrey. Os shows no São Paulo Trip e no Rock in Rio foram demais. Podemos esperar um novo disco da banda, 11 anos depois de "Endless Wire"? Provavelmente não!
É o que disse Townshend em entrevista ao G1 após o show no Rock in Rio. O guitarrista falou ainda sobre Kendrick Lamar, problemas ao ouvir álbuns nos serviços de streaming e seu interesse por música eletrônica e Gilberto Gil.
G1 - Existe alguma chance de um novo disco do The Who?
Pete Townshend - Provavelmente não. Eu toquei para o Roger umas seis a oito novas músicas e ele não se sentiu confortável com nenhuma delas. Então, as coisas mudaram para nós dois. Costumava ser: eu dava as músicas e falava "merda, cante essas aí".
Mas agora não somos assim. Nós nos amamos, nos respeitamos. Toco as músicas para ele, e ele diz "oh, hmmm, você pode mudar?". Eu digo que não posso. Então, acho que não. Mas talvez eu toque guitarra em algumas das canções do disco solo dele que sai no ano que vem.
G1 - Você criou o conceito de ópera rock, de discos com conceito. Você acredita que ainda é possível fazer discos com conceito hoje? Por que muitos só escutam músicas com três minutos na maioria das vezes... Qual sua opinião sobre isso?
Pete Townshend - Tudo bem. "Tommy" era um monte de coisas de três minutos juntas. "Quadrophenia" era um monte de coisas de três minutos juntas. Esse não é o problema, o problema é como vendemos. Eu sinto falta...
G1 - Em quais novos artistas você sente um pouco de The Who neles?
Pete Townshend - Eu não acho que tenha alguém que siga a gente, mas há bandas que amam The Who e eu gosto delas. Mas estou mais interessado no que as pessoas fazem nos estúdios, na criatividade. Eu estou muito interessado em música eletrônica. Estive em Berlim agora. Eu gosto de DJS, essas coisas, porque é isso que eu escuto em casa. Tem o laptop, a tecnologia. No meu estúdio, tenho um estúdio comercial, quando as bandas vêm tocar elas não vem com teclados, guitarras... Elas têm um laptop.
Eu comecei assim. Eu era o inovador nos estúdios caseiros. Eu convenci o Paul McCartney a ter um estúdio caseiro, onde ele fez seu primeiro disco solo. Eu penso que é meu legado. Não é algo que só tenha um lado bom, mas é empolgante para desenvolver nossas habilidades com ajuda dos computadores.
Em breve vamos ter a chance de acordar de manhã e dizer ao nosso animal de estimação robô: "Toca uma música", fumando maconha, "Não toca outra, essa é péssima. gostei dessa". Eu sempre pensei que tudo seria ok, até o robô dizer: "Por que eu não estou ganhando royalties de autor? Você roubou minha música".
G1 - Eu sei que você gosta de música brasileira. Por quê? Quais seus favoritos?
Pete Townshend - Você tem razão. Gosto mesmo de músicas brasileira e estudei bastante quando era mais novo. Eu meio que chamo de música de violão brasileira de praia. Uma vez minha esposa, Rachel Fuller, lançou um disco e recebeu uma carta do Gilberto Gil, que na época estava no governo, era ministro da música, eu acho. Achei muito engraçado, porque desde criança, eu acompanhava o Gilberto Gil. Ele não é tão mais velha que eu.
E é um tipo de música muito tradicional. A música brasileira tocada no violão, sabe? Adoro a formação dos acordes, as melodias... Acho que isso é único no mundo todo. É muito complexo. É muito romântico. Suponho que não seja muito popular com jovens. Não sei.
G1 Como foi a reação dos fãs brasileiros?
Pete Townshend - Foi adorável esta noite, sabe? Acho que foi fantástico. As pessoas pareciam cansadas de ficar em pé o dia todo, sabe? Foi um dia longo e eles foram demais, muito receptivos.
O que você achou da entrevista? Comente abaixo!
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